O Bullying sempre existiu, mas não tinha nome.


Todos ou quase todos já vimos e ficámos chocados com o vídeo de duas crianças agredindo violentamente outra. Empurrão, murros e pontapés tudo serviu para descarregar a fúria na indefesa moça.

Pessoalmente o que me causa mais preocupação é a passividade e até gozo de quem filme e incentiva à agressão.

Ainda mais preocupado fico com a hipocrisia dos canais de televisão e com os seus programas de informação que utilizam estes casos para realizar mais um especial informativo e mais um debate sempre com os mesmos “especialistas” a debitar banalidades a um ritmo impressionante.

Estes canais de televisão deveriam formar e não desinformar. Deveriam dizer que o Bullying sempre existiu e, arrisco a dizer, sempre existirá. Naturalmente que não tinha o nome estrangeirado e sonante que tem hoje, mas quem, como eu, percorreu três ou quatro escolas públicas na área de Lisboa, decerto se lembrará que havia casos de violência tão ou mais graves que este.

A escola, há vinte anos atrás, era muitíssimo mais perigosa do que hoje. Os casos de violência com bastões de basebol, punhais, os famosos canivetes “ponta e mola” eram quase banais. E as guerras de pedras entre escolas vizinhas – quem andou na Ferreira Borges e na D. João de Castro decerto se lembrará –, os comas alcoólicos nas “festas” que aconteciam nos últimos dias dos períodos escolares e as perseguições ao gordo/a, ao preto/a ou ao feio/a aconteciam amiúde, os assaltos à saída da escola e até agressões a professores. Isto era a escola pública no meu tempo. O Bullying sempre existiu. O que mudou? Não havia um telemóvel em cada bolso para filmar e as redes sociais ou o Youtube para partilhar.

Não entendam este texto como uma desculpabilização de putos mal formados pelos pais ou uma forma de desvalorizar todo o mal físico e psicológico que aquela rapariga sofreu e do qual espero que recupere rapidamente.

O que me preocupa é o relevo que os canais de televisão dão a estes casos e a ideia que a maioria das pessoas forma de que a escola é isto. Não é.

Eu sei que a minha filha de oito anos anda numa escola muito mais segura do que aquela em que eu andei.

Para acabar deixem-me compartilhar o meu espanto ao ler que os pais da agredida não querem avançar com queixa contra os agressores.

E já agora, se a PJ tiver dificuldades em identificar os agressores, existe um blogue que deve ajudar. Estão lá as conversas antes e após a agressão de todos os implicados nela, assim como páginas pessoais do Facebook, vídeos e mais informações sobre o grupo que agrediu e filmou.

Os tempos são outros, são diferentes e não piores.

1 Comentários:

MadDog disse...

Vivemos tempos de inventar nomes para coisas banais e transformar em coisas banais, acontecimentos deploráveis....

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