Obrigado, Rui Costa!

No fundo, há apenas duas espécies de grandes jogadores - e estamos a falar das vedetas, daqueles que ficam para sempre na memória dos adeptos: os temperamentais, que jogam como se cada jogo fosse um ajuste de contas com a vida, uma vingança das feridas da infância, jogadores para quem cada vitória é uma vitória sobre o infortúnio. São revoltados, arrogantes, conflituosos, indisciplinados - e geniais. Chamam-se Maradona, Stoitchkov, Gascoigne, Cantona.

E depois há os outros: os que jogam com o coração, os que agradecem o dom que Deus lhes deu para jogar à bola, que transmitem felicidade ao jogo e tranquilidade à equipa. Esses, que não são menos geniais, chamam-se Pelé, Eusébio, Platini, Roberto Baggio. E Rui Costa.

Os melhores jogadores vêm geralmente dos bairros populares, de famílias pobres, para as quais, muitas vezes, o sucesso de um dos filhos é - como, no passado, a carreira eclesiástica - a única saída da miséria e da humilhação social. Rui Costa vem de uma família modesta, mas onde o ambiente familiar, como ele conta com emoção na sua autobiografia, era caloroso e solidário. Foi um miúdo feliz, e isso irá marcar o seu carácter e a sua carreira. Como todos os miúdos da sua idade, ele dormia com a bola ao lado do travesseiro e sonhava um dia ser como Maradona, como Platini ou com Van Basten. As aulas eram apenas um interminável intervalo para os recreios, onde se improvisavam jogos em que se consumiam as sapatilhas e se sonhava com a glória.

É um número 10 nato, um jogador completo, como eram Platini e Maradona. E tem um estilo. Com as meias abaixo das caneleiras, para voar melhor pelo terreno, Rui Costa olha sempre em frente e joga com a cabeça no ar, à procura do melhor espaço para lançar o ataque ou da ocasião ideal para um arranque ou um remate certeiro, um jogador que finta em corrida, que joga com os dois pés e que precisa de liberdade no terreno.

Mesmo se diz que não é um fantasista, mas apenas um "centro campista que sabe fazer um pouco de tudo, até desarmar os adversários, se for preciso", ele é um imaginativo, e que mais se pede a um génio senão o que pediu Diaghliev a Cocteau: "Que nos surpreenda"?

Ao contrário de Stoitchkov ou Gascoigne, que sem o futebol teriam sido delinquentes, Rui Costa é um jogador que conquista os 'tifosi' pela maneira como joga, mas também como vive o jogo: como Eusébio, que chorou em Wembley em vez de insultar o árbitro, Rui Costa chorou uma injustiça clamorosa do senhor Batta que o expulsou do campo e do Mundial por não ter corrido para a linha lateral no jogo decisivo contra a Alemanha. Como chorou de comoção quando, feito capitão por uma noite, marcou o golo que deu o empate à sua equipa, no Estádio da Luz, contra o Benfica, a equipa que trazia no coração por debaixo da camisola da Fiorentina'.

Obrigado por tudo o que deste a este pais, eu sou daqueles que vibraram ao responderes dentro de campo aos que diziam que estavas "velho"... espero que respondas aos mesmos, envergando a camisola que tu consideras tua... a do "nosso" minha e tua...SL BENFICA!

Até qualquer dia no Estádio da Luz!

E se o Pl@ka falou...tá falado!

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