Gostava de ter escrito isto...

A propósito da greve da Função Pública de hoje Pedro Rolo Duarte escreve:

Aqui há tempos fui vítima de um roubo – e marcharam, entre outros valores, todos os documentos. Sem excepção. Sobre a experiência que vivi na Loja do Cidadão, com o novo projecto “Perdi a Carteira”, “postarei” um dia destes (reproduzindo aliás uma carta “de leitor” que enviei, com um nome menos óbvio, Pedro Madeira, ao “Público”, e foi devidamente editada).
Sobre o estado do Estado, no dia em que os funcionários públicos fazem mais uma greve, apetece-me dizer que:
1. A segunda via da Carta de Condução foi-me prometida, no prazo de um mês, a 19 de Outubro. Até hoje, raspas. Se fosse ao contrário, eu estaria a pagar uma multa. Tanto quanto sei, ninguém me devolve o que paguei pela segunda via deste cartão, nem há um só funcionário penalizado por esta falha.
2. O cartão de beneficiário da Segurança Social nem sequer o consegui requerer, porque está cancelada a sua produção. Tentei perceber porquê – mas a funcionária que me atendeu foi tão pouco simpática na tentativa de explicar (“já lhe disse que não estamos a emitir cartões, o que é que o senhor quer mais?”), que desisti. Ninguém será penalizado.
3. O cartão de utente do Serviço Nacional de Saúde foi-me prometido para daqui a, no mínimo, seis meses: “Os Serviços não avisam ninguém, vá passando pelo Centro de Saúde e pergunte...”. Ninguém tem culpa.
4. O senhor que me vendeu um livro de recibos verdes foi uma pedra de gelo com olhos. Tive medo de o incomodar com mais perguntas sobre o cartão de contribuinte, e vim embora. O seu vencimento não sofre alterações pela sua antipatia.
No decorrer das diligências para obter estes e outros documentos, observei situações de negligência, má educação e prepotência (comigo, mas especialmente com outros cidadãos, especialmente quando não de raça branca) dignas de processo disciplinar. Exemplo: “Se o senhor não sabe o nome da freguesia onde vive, o que é que está aqui a fazer?” – para um cidadão que acabara de mudar de residência...
Eu sei que é politicamente incorrecto generalizar observações quando se fala da função pública. Mas é esse sentimento de indiferença que nós, os “outros”, sentimos sempre que os serviços do Estado protestam, e pedem salários mais elevados. Nunca se viram ao espelho? e o que pensam sobre o trabalho que executam? Acham que efectivamente merecem os aumentos que reclamam?
Como cidadão que frequenta os serviços do Estado, acho que não.
Ficamos assim por hoje. Divirtam-se na greve do costume. Boas festas.

É isto e mais...

E se o Pl@ka falou...tá falado!

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