Perceberam?!


Cortes na despesa? É agora ou nunca.

Há um ano quase não havia analistas que não defendessem a redução da despesa. Um ano depois ei-los cheios de dúvidas. Corta-se na Saúde? Ai Jesus que lá se vai o estado social…! Corta-se na Educação? Ai que vem aí o Ensino para ricos…! Corta-se nas prestações sociais? Ai que vem aí miséria…!

Era de esperar. Quando se corta a direito, isto é à bruta (e a isso fomos obrigados), alguma coisa corre mal. Daí as injustiças que vamos conhecendo. Mas são excepções, não a regra. Elas ocorreriam com qualquer Governo (Esquerda ou Direita) sujeito a um programa de ajustamento impiedoso no calendário.

Essas excepções têm de ser corrigidas. Mas não se pode utilizá-las como pretexto para dizer "Está tudo mal, vamos repensar tudo". Porque a Troika não nos dá tempo para isso; e porque estaríamos a cair na armadilha dos "lobbies", que querem deixar tudo como está (e a Troika sabe disso).

Há outra razão para não pararmos com os cortes e com as reformas agora. A economia já bateu no fundo. E se as mudanças não forem feitas agora, daqui por uns meses, com o PIB a recuperar, a pressão para o Governo não fazer nada vai aumentar. Não só por pressão da oposição, mas porque as bases de PSD e CDS vão querer ganhar as eleições autárquicas (já em 2013)… e, depois, as legislativas (em 2015). Ora não se ganham eleições com políticas (duras) de austeridade: como é que Passos Coelho e Paulo Portas vão explicar às suas bases que têm de perder as eleições por amor às reformas que visam tornar o país competitivo? Por outras palavras, alguém acredita em mudanças difíceis com a economia a crescer? Só um ingénuo. E a Troika já nos conhece de ginjeira.
 Camilo Lourenço in Jornal de Negócios

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